História da Vila de Santa Cruz da Trapa

Trapa era uma pequena comunidade cristã, situada num sítio deserto, uma espécie de cova na Serra de Manhouce e que teria dado origem à paróquia de Santa Cruz.

O Mosteiro da Trapa foi destruído pelos muçulmanos no ano de 920 e só durante o século XII é que foi reconstruido, a três quilómetros a sul da vila de Trapa. Inicialmente, era um mosteiro misto e obedecia à regra beneditina, mas depois de ser reedificado, em 1120, por um casal da família do bispo D. João Peculiar, passou a ser habitado por padres crúzios de Coimbra. Porém, como estes não se adaptaram, regressaram novamente os monges beneditos de São Bernardo.

Assim, em 1132, quando D. Afonso Henriques criou o Couto do Mosteiro de São Cristóvão de Lafões e lhe fez doações, já Santa Cruz da Trapa era paróquia e pertencia a Lafões.

No começo da cristianização desta vila, surgiu uma pequena ermida com devoção à Cruz. O culto a São Mamede, protector dos animais, foi aumentando e acabou por se sobrepor ao culto da Cruz. A prova desta situação está visível nas Inquirições de 1258, onde aparece “parrochia Sancti Mametis de Baroso”, isto é paróquia de São Mamede de Baroso, por ser banhado pelo rio Baroso, afluente do rio Vouga.

Mais tarde é designado de Trapa devido à proximidade com a Vila da Trapa, que durante séculos teve grande importância. A partir da segunda metade do século XII, tanto a Vila da Trapa como o seu couto conventual, Paçô, passaram a fazer parte do Couto de Cima, sustento de São Cristóvão de Lafões. Com o passar do tempo, o antigo couto da Trapa tornase numa espécie de sede administrativa do grande Couto de Cima.

Durante séculos desempenhou a função de sede de um concelho medieval, autónomo e isento da intervenção das autoridades centrais e regionais. Em 1834, o concelho da Trapa é extinto e integrado no de São Pedro do Sul, onde permanece até hoje.

Origem do Nome

O despovoamento de cristãos pelos mouros desarticulou quase por completo a tradicional estrutura organizada em paróquias;

Até 1120, muitas coisas mudaram pois após a derrota do inimigo foi formada uma nova organização da paróquia, começando-se por dar- lhe um novo nome – A Cruz do Senhor

Foi forte o est ímulo de devoção à Cruz, pelo que a população concordou com o nome novo a dar – “Santa Cruz” ,embora o santo Padroeiro S. Mamede continuasse, pelos tempos fora.

Entretanto, vieram os monges trapistas de Cister e o nome de Trapa tomou novo relevo, sendo adoptado como determinativo que a faria distinguir de outras terras do mesmo nome. Santa Cruz da Trapa considerava-se honrada com esta origem do seu nome.

Com o andar do tempo, o nome mudou definitiva e oficialmente para esta designação.

 

O Padroeiro

O padroeiro de Santa Cruz da Trapa é São Mamede, cuja festa se celebra no dia 17 de agosto.

Desconhece-se a data de nascimento do santo, sabendo-se, no entanto, que em 275, em Cesareia da Capadócia São Mamede era pastor.

Movido pela sua fé, construiu um altar no deserto, passando a pregar a palavra de Deus aos animais selvagens.

Foi preso e lançado às feras, mas estas, inexplicavelmente, não lhe tocaram. Escapou depois à morte num forno e, por fim, foi estripado por um tridente.

Estes fatores são agora representados como símbolos de São Mamede. Assim, os seus atributos são um tridente, um leão, corças e outros animais.

É o padroeiro dos queijeiros e fabricantes de lacticínios e dos bombeiros, porque, segundo a tradição, apagou um incêndio com as suas lágrimas.